Dieta Crua Saudavel



Considerações Importantes

Tomar a decisão de trocar a alimentação de seus cães para uma dieta completamente diferente é um passo muito importante e deve ser dado com segurança. Aqui em casa demoramos mais de um ano para reunir conhecimento suficiente antes de nos decidirmos de vez. Lemos tudo o que encontramos a respeito de alimentação crua para pets  e adaptamos essas dietas para os nossos cães e nossa rotina. E continuaremos com a pesquisa, cientes de que novas informações convidarão a periódicos ajustes e acertos na alimentação de nossos cães.

Mas uma coisa sempre esteve conosco: a segurança de saber que uma dieta natural é o melhor alimento que podemos oferecer aos nossos cães. Todos os dias ofertamos a eles carnes, ossos e legumes, sabendo que aquilo é o mais próximo que conseguiremos chegar da alimentação ideal para um canídeo carnívoro, respeitando sua morfologia, fisiologia e instintos. Se é mais ou menos assim que a Natureza tem feito, então tentaremos, guardadas as devidas proporções, é claro, copiar essa receita.

No entanto, em alguns casos, uma mudança alimentar drástica como essa pode não ser assim tão fácil e tranqüila. E você deve estar preparado para os eventuais problemas que podem acontecer, afinal, alimentação nenhuma, por mais bem planejada, por mais balanceada, está livre de provocar algum problema. Citaremos a seguir algumas das ocorrências indesejáveis que podem aparecer a fim de que você não seja pego desprevenido.

Alguns cães que desde filhotes comeram dieta industrializada podem nem saber o que fazer diante de um osso de verdade pela primeira vez. Ou talvez não consigam encarar um prato de carne crua como uma refeição. Cabe ao dono, com toda a confiança que ele deposita na dieta natural, ajudar o cão a atravessar essa fase inicial de adaptação. Isso inclui, principalmente, conhecer muito bem a personalidade e as preferências do cão. Se você sabe que seu cão é sensível, que a menor mudança de rotina desencadeia nele problemas de saúde, a transição deve ser ainda mais cuidadosa.

Começar devagar significa dar tempo para o cão se adaptar física e psicologicamente aos novos alimentos, e escolher os caminhos mais fáceis nessa fase inicial. Um cão sensível não deve começar a dieta natural comendo logo nos primeiros dias uma carcaça de frango com vísceras, ou fígado, peixe, pés de frango, ossos muito duros, etc. A dificuldade para triturar, digerir e absorver esses novos alimentos, principalmente ossos maiores e mais duros, pode levar a surpresas desagradáveis, como vômitos, diarréia, dor abdominal, prisão de ventre, etc. Essa sensibilidade varia bastante de cachorro para cachorro. Mas é observada principalmente naqueles animais demasiadamente protegidos, com imunidade insuficiente e que tenham perdido parte dos instintos que tanto contribuem para o sucesso dessa dieta. Por esse motivo, se você está mesmo interessado na dieta natural, não desista no primeiro entrave. Seu cão, não importa o quão sensível, poderá se adaptar muito bem à dieta. Basta ir com calma, observando acertos e erros.

 

Recomendo começar oferecendo pescoços de frango. O frango é bastante digestível e os ossos do pescoço são pequenos, não requerem tanto trabalho do cão para quebrá-los, mas já é o bastante para ensiná-lo a mastigar e ajuda a acostumar o cão com a textura da carne crua e dos ossos. Sugiro que nas primeiras semanas você se atenha ao pescoço, à carne de frango e a apenas a um ou dois legumes (cenoura e vagem, por exemplo). Esteja sempre presente na hora de ofertar as refeições para observar as reações dele a cada alimento. Alguns comportamentos que podem parecer “chocantes” para nós, são perfeitamente normais e até desejáveis. Inclinar a cabeça para os lados ao comer um pedaço de carne faz o alimento mudar de posição na boca e facilita a mastigação, já que as mandíbulas dos cães não são tão móveis quanto as nossas. Regurgitar (devolver) o alimento assim que ele é engolido também costuma acontecer. A comida volta para a boca para ser melhor mastigada, o que facilita o trabalho da digestão.

É assim que as mamães lobas ensinam seus filhotes a comer carne quando eles já têm dentes e não mamam mais. Os cães também podem rosnar, latir ou brigar com os outros cães da casa na hora da refeição, o que pode exigir a separação deles (recomendável). O estalido de ossos sendo triturados como se fossem balas também pode provocar arrepios em quem tem receio de oferecer ossos crus para os cães – lembrando que você NUNCA deve oferecer ossos cozidos, fritos, etc, para os cães sob pena de ocorrerem problemas bastante sérios.

Todos esses comportamentos são normais. Um cheirinho de carne crua na boca do seu cão também faz parte da dieta natural. Se ele for do tipo que se entrega de corpo e alma ao osso recreacional (ossos grandes para roer, não para serem ingeridos inteiros), você notará o cheirinho de carne crua também nas patas e peito dele. Nada que um banho básico não dê jeito. Esse tipo de situação é um pouco mais complicada em se tratando de cães em apartamento. Mas não é impossível. Eu mesma morei em apartamento com meus cães até pouco tempo e eles comiam a dieta natural na cozinha e roíam ossos, um de cada vez, na varanda. Depois era só passar um bom pano com produto removedor de odores e pronto.

A verdade é que muitos proprietários relutam em entender que nossos queridos peludos de estimação são carnívoros descendentes de canídeos caçadores, e que é dessa forma que eles agiriam na natureza. É esperado, portanto, que esse tipo de alimentação devolva ao cão alguns de seus instintos. Para muitos donos isso é algo maravilhoso – eu mesma adoro ver a expressão saudável e deliciosa de meus cães no jardim, debruçados sobre um joelho de boi, arrancando a carne com os dentes.

Mas para donos mais sensíveis cenas como essa podem ser motivo de desconforto, insegurança e estranhamento, principalmente no começo. E essa incerteza normalmente encontra reflexo na aceitação do cão em relação à dieta natural. Os cães nos vêem como líderes de sua matilha e buscam em nós, o tempo todo, sinais de certeza, desconfiança, medo, etc. Se você se mostrar hesitante ao oferecer a nova comida, se contorcendo a cada vez que seu cão morde um osso, ou encarando com nojo ou pena o fato de ele comer alimentos crus, seu cão pressentirá isso. Ele poderá tanto se recusar a comer esse alimento “estranho” e trabalhoso, pedindo que volte a dieta anterior, quanto poderá comer depressa demais e, apreensivo com a reação de seus líderes, sofrer distúrbios gastrointestinais por nervosismo. Portanto, uma postura natural e confiante diante da nova dieta é fundamental.

 

Concluindo, cabe somente a você decidir se prefere encarar. É preciso ter em mente que um dos principais ingredientes dessa dieta é justamente a sua confiança. Só comece quando se sentir seguro. Se ainda restam dúvidas, esclareça-as, pergunte, pesquise, leia mais., visite fóruns internacionais online (no Brasil ainda somos poucos…) voltados à troca de experiência entre pessoas que oferecem a seus cães dietas naturais. Experimente um dia dar um osso cru ao seu cão e observe a reação dele – e a sua! Num outro dia ofereça um pedaço de legume ou uma colher de legume batido. Dê pequenos passos antes de adotar uma posição final. E se achar isso tudo muito estranho, não se acanhe ao abandonar a idéia. Como tudo na vida, a dieta natural também envolve certos riscos e depende de cada um de nós decidir se vale a pena corrê-los ou não. Tenha sempre em mente que essa é uma decisão particular e que para seu cão desfrutar de todos os benefícios dessa iniciativa você precisa estar certo da sua vontade de mudar.

 

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