PORQUE OS CAES ROEM ?
Os cão exploram o mundo cheirando, lambendo e roendo os objectos. Os
donos devem estar cientes de que todos os cães roem e que esse
comportamento é natural e normal. O que não é desejável é que o cão
faça estragos em casa e para isso, o treino, os brinquedos e a
persistência são a solução perfeita.
Nem todos os cães têm a mesma necessidade de roer e este instinto varia
de raça para raça e até de cão para cão. Roer é um instinto normal, mas
se for levado ao extremo pode ter razões clínicas que o justifiquem. Em
caso de dúvida, leve o cão ao veterinário.
O perigo de roer
Roer não só estraga os objectos da casa, mas coloca ainda um perigo maior: o da própria vida do cão.
Fios eléctricos, agulhas, plantas venenosas, produtos de limpeza,
comida estragada ou comida imprópria no caixote do lixo, como por
exemplo, ossos de galinha, chocolate, etc., colocam a vida do cão em
perigo se roídos ou ingeridos. Proteja o cão destes perigos removendo
os objectos
perigosos.
Assumir responsabilidades
Não é difícil fazer com que os chinelos, as meias ou outros objectos
pessoais não acabem na boca do cão, simplesmente mantenha-os fora do
alcance do animal. No início, pode haver deslizes, pois implica a
alteração das rotinas em casa e há coisas que são feitas maquinalmente,
mas se não tomou as devidas precauções deve assumir a sua quota parte
de responsabilidade por ter deixado os objectos acessíveis ao cão.
Sem confusões
Os cães não são capazes de distinguir entre meias, sapatos ou chinelos
velhos que ele pode roer e os novos em que ele não pode tocar. O cão
deve ter os seus próprios brinquedos, claramente separados dos objectos
do dono ou da casa.
Não, não e não
Os cães aprendem rapidamente o significado de um “não” grave. Sempre
que o cão esteja a roer algo inapropriado, diga “não”. Depois,
ofereça-lhe uma alternativa, um osso, um brinquedo, etc. e teça largos
elogios caso o cão os comece a roer.
Este treino deve ser consistente e deve ser cumprido até ao fim. Não
chega dizer apenas “não”. Tem também de dizer ao cão aquilo que ele
pode roer.
Opções correctas
Os cães até ao completarem um ano de vida passam pela mudança da
dentição o que aguça a vontade de roer. Não é possível suprimir a
vontade de roer, por isso, o mais inteligente é desviá-la para objectos
que podem ser roídos: os brinquedos do cão.
Os cães retiram verdadeiro prazer de roer, ou seja, para eles,
conseguir roer um osso é uma recompensa em si. Assim, o cão deve ter
acesso a dois tipos de ossos:
- um que seja mais resistente, que dure durante dias, ou
talvez semanas, e que esteja sempre disponível para que o cão possa
recorrer a ele quando necessitar;
- e outro que se desfaça
“na hora”, ou seja, menos resistente. Estes ossos devem ser dados ao
cão nas maiores “crises” que ele tenha, já que o cão retira um maior
prazer da destruição imediata.
Brinquedos que façam barulho são uma mais-valia, caso os possa ter em
casa. Uma opção é tê-los apenas disponíveis durante o dia e recolhê-los
à noite, para que o cão não incomode os donos e vizinhos. Estes
brinquedos que “chiam” são interactivos, respondem ao cão, o que
geralmente os entusiasma, ou seja, encoraja-os a continuar a roer. Os
cães mais medrosos podem não gostar do som, por isso observe a reacção
do cão antes de encher a casa com este tipo de brinquedos.
Outra opção são os brinquedos que se recheiam com comida apropriada
para cães. Estes brinquedos oferecem ao cão uma maior recompensa do que
o chinelo e o cão tende a preferi-los. Contudo, são geralmente dados
para entreter o cão enquanto está sozinho, já que não é possível estar
constantemente a alimentar o animal com guloseimas.
Aplique um grau de rotatividade aos brinquedos do cão, guardando por
algum tempo um ou dois brinquedos. Assim, quando voltar a oferecer
esses brinquedos ao cão, estes vão ser muito mais interessantes do que
se estivessem sempre disponíveis.
No caso de cães jovens, pode também começar por ter poucos brinquedos,
e ir acrescentando mais variedade, um por mês, ou de dois em dois
meses. Desta forma vai poder adaptar melhor os brinquedos ao tamanho do
cão, sobretudo se o cachorro for de porte grande, nestes casos, os
brinquedos que ele usa aos 3 meses não são indicados para quando tiver
um ano. Contudo, não caia no exagero de oferecer demasiados brinquedos.
Se o cão tiver brinquedos a mais, aplique o esquema da rotatividade.
A sério ou a brincar?
Quando apanha o cão com algo que não é dele, como por exemplo um
chinelo, a tendência natural é correr até ao cão para lhe tirar o
objecto. O cão naturalmente vai fugir e dar assim início a uma
brincadeira que muito lhe dá gosto: perseguir e ser perseguido.
Contudo, para o dono não se trata de uma brincadeira e este tipo de mal
entendidos geralmente geram frustração nos humanos.
Assim, sempre que o cão tiver algo na boca que não seja dele,
aproxime-se calmamente e retire o objecto da boca. Depois ofereça-lhe
um brinquedo. Se o cão começa imediatamente a fugir, ofereça-lhe uma
recompensa em troca pelo chinelo, o máximo que o estará a ensinar é a
ir buscar os chinelos.
Excepções
É normal o cão sentir vontade de roer enquanto é cachorro, vontade essa
que o acompanha para toda a vida, embora em muito menor grau na idade
adulta. Contudo existem excepções. Os cachorros com náuseas podem
recorrer a tapetes ou outros objectos para roer. Geralmente fazem-no
porque não têm relva acessível que geralmente lhes induz o vómito e
alivia o mal-estar.
Em adultos, o instinto de roer é bastante mais moderado e um cão que
apresenta este comportamento de forma exacerbada pode estar aborrecido
ou em stress. O cão que se encontra nestas condições liberta as suas
energias através de comportamentos destrutivos, entre os quais, roer é
um exemplo.
Estes casos não são infelizmente tão excepcionais já que o emprego
obriga muitos donos a deixarem o cão sozinhos durante várias horas
seguidas. Se este for o seu caso, pondere arranjar companhia para o
animal ou compensar a ausência com exercício, 2 horas diárias para cães
de médio porte.